PERDEMOS ERIC HOBSBAWN, QUE DISCUTIA SERIAMENTE COMO MUDAR O MUNDO
O mundo
amanheceu hoje perdendo uma de suas fontes de inteligência, o historiador Eric
Hobsbawn, falecido às 6 horas da manhã, no horário de Londres, aos 95 anos. Hobsbawn teve
até agora mais de 30 livros publicados, entre os quais "A Era dos
Extremos", "História do Século 20 - de 1914 a 1991" e o último,
de que gosto especialmente, "Como mudar o mundo", publicado ano
passado no Brasil pela Companhia das Letras. Nesse livro, faz um balanço sobre
Marx e a história do marxismo, lúcido e limpo.
Consciente
da historicidade e da importância de Karl Marx, escreveu, antevendo, que “o
Marx do século XXI será, com certeza, bem diferente do Marx do século XX”. A abertura
para a atualidade da questão o historiador apontava de muitos ângulos, tanto
econômicos, na medida em que o mercado capitalista tem como calcanhar de
Aquiles o crescimento acelerado e a degradação do ambiente planetário, quanto
políticos, a respeito da configuração da democracia e da organização do estado.
Sobretudo,
Hobsbawn, sublinha no pensamento de Marx a inspiração para uma ação política
com dimensões históricas conscientes, não como oportunismo pontual, seja de
direita ou de esquerda. Diferente dos fatalistas que acham que a dimensão
histórica degringolou, ou dos fatalistas que acham a mudança histórica um
destino traçado pelo desenvolvimento econômico, o historiador frisou: “Marx e
Engels não confiavam na atuação espontânea das forças históricas, e sim em ação
política dentro dos limites do que a história possibilitava. Em todas as etapas
da vida, eles sempre analisaram as situações tendo em mente a ação”. Recomendo
muito a leitura de “Como Mudar o Mundo”.